sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Golpe da Lista Telefônica

O Golpe de Lista Telefônica Comercial continua sendo aplicado em comerciantes. A empresária Cristina Aguiar conta que quase caiu no golpe pela segunda vez. Na última semana de setembro, ela recebeu uma ligação, a atendente se identificou como sendo de sua operadora de telefonia e informando que ela tinha direito a ter seus dados (nome e número) comerciais incluso na Lista Comercial da empresa. 

Segundo a pessoa que entrou em contado com Cristina, o serviço já foi pago na própria fatura telefônica. E bastava que ela retornasse assinado o fax que havia recebido. O custo total para a inclusão na lista era de R$ 588,00.

A empresária conta que há dois anos ocorreu o mesmo. Mas nesta primeira abordagem, ela caiu. Ela explica que é muito fácil cair, pois tudo acontece muito rápido. “Eles te ligam, falam que você tem direito ao serviço, pois já está pago, que basta assinar o fax e enviá-lo de volta. Na hora eu estava atarefada, fazendo outras coisas, assinei e retornei o fax. Fiquei surpresa quando recebi um boleto de pagamento no valor de R$ 588,00. Foi aí que eu vi que era um golpe. Não acreditei que tinha caído”. 

Ao consultar o advogado CDL Cuiabá, Otacílio Peron, ela foi instruída a não pagar o boleto, pois a empresa que o havia enviado não poderia protestar o não pagamento uma vez que não era uma empresa de Cuiabá. Além disso, o fax não tinha validade nenhuma, por não constar prova do efetivo serviço. “Um título somente pode ser protestado na praça do devedor e deve estar acompanhado de nota fiscal assinada pelo contratante que recebeu o serviço”, explica. De acordo com ele, um simples orçamento não autoriza a empresa credora a fazer o protesto de boleto nenhum, pois tem que haver uma prova efetiva da execução do serviço. 

No final do ano passado, a CDL Cuiabá já havia informado sobre a aplicação desde golpe. Mas vale reforçar. Cristina lembra que a pessoa que liga é muito bem articulada, o que gera confiança e torna ainda maior o risco de acabar caindo. É importante lembrar também que, caso o fax já tenha sido retornado, quando o boleto com a cobrança chegar, o comerciante não deve pagá-lo. 

Peron aconselha aos que já receberam o boleto de cobrança a registrarem um Boletim de Ocorrência por prática ilegal do comércio e cobrança indevida. Isso se faz necessário, pois é uma arma contra a empresa que aplica este golpe. “Embora eu nunca tenha pago o boleto, fui importunada durante aproximadamente dois anos com ligações da empresa, me cobrando. Eles só pararam de ligar quando eu disse que havia registrado um B.O contra eles”, lembra Cristina.

O advogado alerta que é preciso ter atenção antes de assinar qualquer documento e informar também aos funcionários que não assinem nada sem autorização prévia. “Uma vez que o boleto foi pago não há como reaver esse dinheiro, pois se trata de uma empresa laranja. E caso o fax já tenha sido retornado, pode-se enviar um e-mail ou um fax solicitando o cancelamento do documento assinado e qualquer serviço nele proposto. É importante guardar uma cópia do e-mail ou fax”, orienta. 

“É uma máfia amparada por um grupo de advogados e pessoas inescrupulosas”, afirma Peron. De acordo com ele, esta é uma das conseqüências da modernidade – espertos que estão se aproveitando do aparato eletrônico e aplicando golpes mais sofisticados. 

Outros golpes

Título protestado:

O empresário recebe um e-mail para quitar um título apontado para protesto, com todos os dados correspondentes à operação real e mais um desconto vantajoso. Esta é outra prática comum na qual é fácil cair. A atuação é tanto via e-mail quanto há registro de casos em que os criminosos telefonam à vítima para negociar o pagamento para o mesmo dia, visando um suposto desconto. 

Desde 2009, quando o endereço físico do titular não é encontrado pelos Correios, é uma obrigatoriedade dos cartórios de Mato Grosso listar 13 informações sobre credor e devedor do título no edital do jornal. “É obrigatória a publicação de CNPJ ou CPF, nome, valor da dívida e endereço do devedor e credor, entre outros dados que levam os estelionatários a terem acesso até mesmo à localização e telefone das empresas e de pessoas protestadas”, esclarece Silvana Molina Vallim, tabeliã do Cartório de 4º Ofício, em Cuiabá-MT.

Contra esse tipo de golpe, o delegado do Cisc Norte, Waldeck Duarte Júnior, lembra que “oferecem quitar uma dívida de 100 reais por 50, eles oferecem pela metade do valor”. Como nos outros casos, é importante estar atento, pois o desconto oferecido parece ser vantajoso.

Waldeck orienta que já de imediato o comerciante não aceite qualquer oferta de serviço feita por telefone. “Não passe número de documentos nem dados pessoais por telefone, não acredite que ganhou algo e não assine nada sem ler”. 

Golpe do Envelope Vazio:

O pagamento de compras via depósito em conta corrente bancária. O descuido é na hora da conferência do extrato. É preciso se atentar que há diferença entre a confirmação de depósito em caixa eletrônico e a confirmação pelo banco de registro do dinheiro depositado. Isto por que os criminosos têm depositado envelopes vazios no caixa eletrônico. No espaço de tempo até a conferência deste envelope pelo banco, eles requerem a liberação das mercadorias, mediante o extrato denotar que foi feito depósito em caixa eletrônico. De boa fé o comerciante libera os produtos e cai no golpe, que ele tem conhecimento, geralmente, pelo aviso do banco no extrato de estorno do valor.

Crediário falso:

Neste caso, um comprador tenta a aprovação de crediário portando documentos falsos. A dívida nunca será paga. O delegado afirma que é muito comum comerciantes caírem, por falta de atenção na hora de conferir a documentação fornecida pelo golpista. “Em golpes de crediários, são apresentados documentos visivelmente falsos. Muitas vezes o comerciante acaba caindo por estar afoito a vender”, coloca.

Peron reforça que “tem que ficar atento, orientar funcionários a não assinar nada sem autorização da empresa. E qualquer dúvida consulte a assessoria jurídica da CDL que saberá orientar como proceder, pois estas práticas são comuns em todo o Brasil”.

(Assessoria de Imprensa CDL Cuiabá: Honéia Vaz/Thalita Marques)

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