sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Perdas com greve chegam a 20%

A greve dos bancários, que já passou do 10º dia, pode ter gerado perdas de até 20% em praticamente todos os segmentos do comércio, na Grande Cuiabá. O interior do Estado também está sendo atingido pelo movimento e os empresários já reclamam do aumento da inadimplência dos consumidores por conta da paralisação das agências.
Segundo os lojistas, muitos clientes deixaram de quitar seus pagamentos e estão com as prestações atrasadas. Os crediários registram queda de faturamento e as compras à vista, em espécie, também estão prejudicadas.
O presidente do Sindicato do Comércio de Tecidos, Confecções e Armarinhos da Grande Cuiabá, Roberto Peron, diz que a greve pode comprometer a meta de crescimento das vendas para o Dia da Criança, comemorado na próxima terça-feira, dia 12. A nossa previsão inicial era de incremento de 8%, mas com a greve esta projeção poderá não se confirmar, disse ele.
Segundo Peron, muita gente está querendo sacar dinheiro nas agências e não está conseguindo. Para muitos, os limites de saques nos caixas eletrônicos já estão ultrapassados e, com isso, perdemos vendas e o consumidor ainda atrasa o pagamento das compras feitas via crediário.
Ele diz que os prejuízos para o comércio são incalculáveis principalmente em relação aos recebíveis. As empresas que depositaram cheques de clientes estão tendo problemas com documentos devolvidos, uma vez que estão impossibilitadas de resgatar o cheque. As operações de saque também estão prejudicadas por causa dos limites de saques diários e também para depósitos em cheque, que não podem passar de R$ 10 mil.
Hermes Martins, vice-presidente da Federação do Comércio, Bens e Serviços de Mato Grosso (Fecomércio), diz que a paralisação dos bancários afeta não apenas o comércio e os prestadores de serviços, mas toda a população.
A greve gera perda de vendas que não podemos recuperar no dia seguinte , afirma Martins. O fator que está minimizando os efeitos da paralisação, segundo ele, é a possibilidade de pagamento de boletos nas lotéricas, correios, via internet e cooperativas de crédito.
O vice-presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Cuiabá (CDL) e presidente da Câmara Tributária da Federação do Comércio, Bens e Serviços do Estado (Fecomércio), Paulo Gasparoto, diz que o sistema financeiro é o maior prestador de serviços às empresas e ao consumidor. O impacto da greve dos bancários nos últimos dias já repercutiu porque muitos pagamentos não estão sendo efetuados devido à impossibilidade de saque para muitos consumidores.
Segundo ele, o comércio do centro está sendo muito prejudicado, pois grande parte das lojas depende do sistema bancário. Com a greve, temos uma menor circulação de pessoas nas ruas e o movimento consequentemente acaba caindo. Gasparoto conta que muitos consumidores que dependem dos bancos para fazer algum tipo de saque extra no caixa eletrônico acabam ficando sem comprar.

Perfil

De acordo com levantamento, entre 20% e 25% dos consumidores da Grande Cuiabá efetuam pagamento em dinheiro. São pessoas que não possuem cartão ou conta bancária e tem de usar a moeda para fazer suas transações, lembra o vice-presidente da CDL.
Na avaliação de Gasparoto, a greve dos bancários acaba afugentando os consumidores das lojas. Sem dinheiro esses consumidores praticamente não saem às ruas, daí o pequeno movimento que estamos verificando nas lojas. Todo o segmento de varejo está prejudicado, desde calçados, vestuário e confecções, até eletrodomésticos , observa.

Marcondes Maciel

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