terça-feira, 7 de setembro de 2010

Olímpiada no Rio deve provocar corrida de marcas, diz consultor

Se a Mastercard e não a Visa fosse patrocinadora dos Jogos Olímpicos, ela diria que patrocinar a Olimpíada não tem preço.
Essa é a ideia que Michael Payne, que por 20 anos foi diretor de marketing do Comitê Olímpico Internacional (COI) e um dos principais responsáveis por transformar o evento em sucesso econômico, quer passar.
Contratado pela Rio 2016, instituição que organiza a Olimpíada do Rio, Payne diz que antecipar o tamanho do retorno de um patrocínio é algo quase impossível. O custo, por outro lado, tem subido nos últimos anos.
Mas quem fica de fora, corre o risco de se arrepender. O principal caso lembrado pelo consultor é o da Visa. Em 1985, a American Express, que havia pago US$ 4 milhões pela Olimpíada de Los Angeles, não aceitou entrar como patrocinador master, com US$ 14,5 milhões, dos jogos seguintes de inverno e verão, no Canadá e na Coreia do Sul. A Visa aceitou o negócio.
Naquela época, a líder do mercado de cartões de crédito era a Amex. Segundo Payne, a Visa arriscou e fez uma propaganda ousada: "Se for à Olimpíada, leve Visa, o único cartão aceito". Assim, diz Payne, começou a virada da Visa.
"O executivo da Amex disse que este foi o maior erro da vida dele." Para se ter ideia de quanto os jogos vêm se valorizando, Payne diz que, em 1998, os diretos de transmissão pela TV foram negociados a US$ 160 milhões. Em 2012, na Olimpíada de Londres, serão US$ 4 bilhões. Para este mesmo evento, a cota média de patrocínio foi vendida por US$ 130 milhões a US$ 150 milhões. Já para as Olimpíadas de Inverno em Sochi (Rússia) em 2014, o patrocínio médio chegou a US$ 200 milhões. "E o jogos de inverno são considerados menores.
Além disso, a negociação se deu em plena crise econômica mundial", diz Payne.
Ele diz que não há um preço já definido para o evento no Rio.
"Custará quanto o mercado topar pagar. E a expectativa é que haja uma corrida". Lembra que o Brasil está na moda. "A palestra que mais chamou atenção dos delegados do comitê foi a do Henrique Meirelles o presidente do Banco Central.
Quando ele mostrou a real situação do Brasil, todo mundo ficou de olhos arregalados".
O consultor vai trazer ao Rio executivos das grandes companhias patrocinadoras dos jogos de Londres, como a British Telecom, para encontros com empresas brasileiras.
Ele observa que há outras formas de associar uma grife aos jogos sem ter que comprar cotas.
"Hoje, 57% das parcerias são pagas com serviços ou com troca de tecnologia", diz. "E estou falando também daquelas que fornecem o mobiliário ou simplesmente limpam os banheiros".
Payne dá como exemplo, uma empresa, para qual agora também presta consultoria, Crystal Digital.
A empresa fez os efeitos especiais de todas as cerimônias da Olimpíada de Pequim. "Fizeram tanto sucesso que estarão em Londres e já foram contratados para uma série de outros eventos", diz.
Payne não esconde os riscos de possíveis efeitos negativos, que atraso nas obras ou erros de organização, por exemplo, podem ter sobre as marcas patrocinadoras.
"Não podemos ser ingênuos em dizer que não há este efeito, mas é mínimo." Segundo ele, toda a Olimpíada passa por este tipo de crítica. "É sempre uma montanha russa de altos e baixos na imprensa.
Estamos acostumados." Ele lembra o escândalo de corrupção dos jogos de inverno de Salt Lake City em 1998. Naquela época, houve denúncias de que delegados haviam sido subornados para votar a favor da cidade e dois membros do COI foram expulsos.

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