domingo, 4 de julho de 2010

Consumidor procura qualidade

O frio do recém-chegado inverno levou a auxiliar jurídica Ivete Garbin, 45 anos, ao comércio de rua, ontem. Entrou numa loja de apelo popular da Rua XV de Novembro, mas nem por isso deixou-se levar pelo preço tentador sobre a arara de peças que se repetem. Optou pelo setor de casacos de modelos quase que exclusivos, com corte estruturado e tecido encorpado, pelos quais se paga entre R$ 250 e R$ 350.

Mais do que preço, Ivete está à procura de roupas com bom caimento e qualidade. Cada vez mais comum, a relação entre esta loja e a consumidora é reflexo do aumento do poder aquisitivo do blumenauense, cuja renda per capita aumentou 97,5% em nove anos.

- Para os lojistas, ter várias peças repetidas não é mais tão interessante. As pessoas querem exclusividade no que vestem - explica o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas, Paulo Cesar Lopes.

Com o consumidor mais exigente, as indústrias e confecções locais tiveram de aprimorar os produtos, observa a vice-presidente para Assuntos da Indústria da Associação de Micro e Pequenas Empresas (Ampe) de Gaspar, Maria Bernardete de Souza. Para isso, investem em equipamentos, treinamento de pessoal e tecidos de maior durabilidade.

- Quem já desenvolvia um produto diferenciado está tendo o produto valorizado. As demais terão de correr atrás - sentencia o coordenador do Núcleo de Confecção da Ampe Blumenau, Itamar Müller.

Outro reflexo do aumento da procura por produtos de maior valor agregado é o aprimoramento das vitrines, observa o presidente da CDL. Os lojistas se esforçam para dar cara de boutique ao comércio, com manequins bem vestidos e o entorno decorado de acordo com a clientela a ser fisgada. Com o empenho, os lojistas também ganham quem é movido pelo simples impulso de consumir.

- Compro aquilo pelo qual me apaixono. É olhar e gostar - confidencia a dona de casa Rosedi Keller, que saiu de casa ontem para comprar um presente, mas não tirou os olhos de um casaco para ela.

Dados da Fundação Getulio Vargas (FGV) mostram que os preços das roupas de inverno subiram mais nos últimos 12 meses (5,27%) na comparação com igual período anterior (2,63%). Mesmo assim, os reajustes têm ficado abaixo da inflação geral, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que acumulou 5,47% nos últimos 12 meses.

Na comparação por itens isolados, porém, alguns subiram mais do que a inflação, como o terno masculino (12,51%) e o blazer masculino (10,08%). Essas variações podem ser explicadas pelo encarecimento de algumas matérias-primas, como algodão e fibras sintéticas.

- A cada início de estação há uma alta de preços. E a confecção de inverno, tradicionalmente, é mais cara que a de verão - explica Marcio Fernando Mendes da Silva, da FGV.

COMO SE AQUECER SEM GASTAR MUITO

- A pesquisa de preço é a arma mais eficaz do consumidor. Olhe, analise e evite comprar já na primeira oferta.

- Defina bem o que quer e verifique o que as marcas oferecem. Sem fazer isso, você pode comprar algo que não precisa.

- Controle a ansiedade. Se não tem urgência em comprar determinado produto, vale a pena esperar pelas liquidações.

- Fique atento ao efeito sanfona das ofertas às vezes, os preços sobem antes de cair nas promoções.

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