segunda-feira, 15 de junho de 2009

Uso de cartões de débito e crédito onera lojistas e clientes

Comerciantes passam a oferecer até 10% de desconto para compra à vista

Os altos impostos cobrados dos comerciantes e dos consumidores agora levaram várias lojas pela cidade a fazer descontos e estimular o pagamento à vista. Um levantamento feito pela Associação Brasileira de Cartões de Créditos e Serviços (Abecs) mostra a escalada de transações comerciais realizadas sem dinheiro em espécie: de R$ 65 milhões no ano 2000 para R$ 380 milhões até o ano passado.
Apesar de descontos que podem chegar a 10% do valor do produto, os brasileiros preferem fazer compras com cartões de crédito e débito. Na maior parte das vezes, o argumento usado pelos consumidores é o da segurança de não andar com muito dinheiro na mão para o caso de um assalto e da praticidade de passar o cartão e não se preocupar em separar notas e moedas.
O presidente do Sindicato dos Lojistas do Rio, e também da Câmara de Dirigentes Lojistas, Algo Gonçalves lamenta que os consumidores dificilmente deixam de usar o cartão para fazer compras. Gonçalves lembra do custo elevado das máquinas em geral, uma loja paga R$ 80 por mês por até quatro equipamentos e também as altas taxas pagas para as quatro bandeiras de cartões de crédito a cada transação.
É um absurdo o que pagamos a cada transferência. Sempre vai de 2% a 3% para os cartões. Se esse deságio fosse menor, poderíamos passar essa vantagem para o consumidor lamenta Gonçalves.
Miguel de Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), critica o chamado "juros embutido" que as lojas cobram para justificar o prejuízo quando passam parte da receita para as bandeiras de cartões:
Quando uma loja diz que vende em três vezes sem juros, ela poderia vender aquele produto à vista com desconto de 10%. Se for a seis vezes sem juros, pode baixar em 15%, e assim vai. Se o consumidor tiver dinheiro na mão, é sempre melhor pagar à vista. No cartão ele não pode barganhar, mas normalmente o cliente só pensa na quantidade de vezes que pode pagar.
Aldo defende a classe quando o assunto é a prática de majorar os preços na compra do cartão.
Não existe isso de juros embutido. Isso é fugir da realidade. Na verdade quem dita o preço do produto é o mercado, a concorrência.
Os dois dirigentes concordam quando o assunto é o relatório do Banco Central que classificou como prática de cartel a concentração das bandeiras Visanet e Redecard. Juntas, elas são responsáveis por 94% das transações em cartão e 90% do volume financeiro desse tipo de vendas no ano de 2008.
Raphael Zarko

Nenhum comentário: